domingo, 9 de setembro de 2012

Comer menos faz viver mais?


   Oi de novo pra quem procura saber mais sobre a bioquímica do envelhecimento!
    Hoje, trataremos de um tema muito interessante e que teve bastante repercussão na mídia ultimamente, principalmente pelos resultados recém-publicados de pesquisas respeitadas: A restrição calórica e o retardo do envelhecimento.
    Muitos pesquisadores têm tentado provar uma relação entre uma dieta com restrição calórica e o aumento da longevidade, alguns desde os amos 80, inclusive. Atualmente saíram resultados dessas pesquisas e o que se pôde perceber é que existe uma relação entre o processo de envelhecimento e esse tipo de dieta, porém os mecanismos bioquímicos e intracelulares não estão claros.
   As pesquisas com modelos animais se tornaram muito esclarecedoras, contudo não consegue-se determinar até onde podemos aplicar os conhecimentos delas provenientes aos seres humanos. Em experimentos com ratos observou-se ser diretamente proporcional a diminuição percentual da dieta calórica e o aumento na expectativa de vida máxima, contudo experimentos com macacos, publicados na revista cientifica Nature, não demonstraram aumento em suas expectativas de vida. Porém em ambas foi verificado um retardo no processo de envelhecimento, diminuindo a incidência de doenças crônicas como: arteriosclerose, insuficiências cardíacas, diabetes, hipertensão, doenças auto imunes, cânceres (inclusive os mais comuns nos humanos: de mama e próstata), Alzheimer e Parkinson – observou-se uma diminuição na neurodegeneração, na deposição de placas amilóides e no déficit motor.

Placas amiloides na Doença de Alzheimer.
Receptores de insulina na membrana plasmática.

   Como já disse os mecanismos bioquímicos relacionados a esse evento não estão claros. Suposições, entretanto, são feitas. Uma delas é que a diminuição da ingestão de calorias leva à maior sensibilidade à insulina pelas membranas dos órgãos hepático e muscular, e isso poderia retardar o envelhecimento. Acontece que, com a diminuição das calorias, os níveis de glicose sanguínea diminuem, levando à diminuição da produção de insulina e do tecido adiposo. Este é produtor de inúmeros hormônios, alguns relacionados à inflamação e outros à sensibilidade à insulina. As alterações nesse órgão poderiam levar à diminuição daqueles e aumento destes, aumentando a expectativa de vida.
   Outra suposição é relacionada à diminuição do metabolismo respiratório celular, levando à diminuição na produção de espécies reativas de oxigênio, evitando a oxidação desenfreada de membranas e outras estruturas celulares, além de intensificar o processo de reparação do DNA. Percebe-se uma diminuição nas inflamações nesse caso também, já que danos oxidativos desencadeiam a expressão de genes pró-inflamatórios.
Ação da proteína quinase A.
   Molecularmente falando, existem teorias que relacionam a dieta restritiva e a longevidade. Uma delas propõe a via da proteína quinase A como responsável, esta está relacionada à diminuição dos níveis de glicose e a AMPc. Outra propõe a via sinalizadora de proteínas chamadas sirtuínas, que têm suas concentrações aumentadas nesse tipo de dieta. Já se relacionou a ação destas à indução da biogênese mitocondrial e ao aumento da oxidação de ácidos graxos nos músculos; ao aumento da mobilização de gordura e à diminuição da adipogênese no tecido adiposo; além de influenciarem a ação das mitocôndrias, parecendo reduzir o estresse oxidativo. Tudo isso leva à suposição de agirem em prol do aumento da longevidade.
   O interessante é que, apesar de não serem certos os efeitos sobre os humanos, observou-se uma diminuição na mortalidade por doenças coronariana em países europeus com a escassez de alimentos na Segunda Grande Guerra. Além disso, observou-se em pessoas que praticam por livre e espontânea vontade a dieta de restrição calórica uma menor porcentagem de gordura corporal, pressão sanguínea menor, assim como aumento da sensibilidade à insulina, baixos níveis de marcadores inflamatórios e baixa concentração de triiodotironina.
   Contudo, nem tudo são flores. Observou-se em indivíduos com essa dieta uma diminuição na densidade mineral óssea total do quadril e da coluna lombar. Além disso, não se conseguiu determinar até qual porcentagem de diminuição no consumo de calorias seria benéfica. Por isso seria melhor esperar por mais resultados de pesquisas em humanos para se adotar esse novo perfil de vida.
  
 Agora, algumas curiosidades que a pesquisa com ratos demonstrou:
  1. A prática de exercícios físicos não aumenta a expectativa de vida, apesar de melhorar a saúde.
  2. Uma dieta gordurosa não apressa o envelhecimento, o que o faz é o excesso de calorias.
  3. O que determina a expectativa de vida não são o grau de adiposidade e sim a quantidade de calorias ingeridas.
  4.  A genética é menos expressiva do que o ambiente, assim uma genética de alta expectativa de vida não se expressará se o ambiente impuser baixa expectativa de vida.


   Bom, espero que eu tenha esclarecido para vocês esse assunto novo e importante e todos os outros que eu postei! E agora minha missão está cumprida! Tchauzinho!


Referencias : 


Postado por Fernanda Cruz.

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